Impulsionado pelos serviços, comércio e indústria, Espírito Santo cria 4.415 novos empregos formais em setembro de 2023

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, na segunda-feira (30/10/2023), as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal no mês de setembro de 2023.

PUBLICADO EM 30 Out 2023

Os dados do Novo Caged referentes a setembro mostraram que o mercado de trabalho formal capixaba registrou a abertura de 4.415 novas vagas. O resultado decorre da diferença entre os 40.325 admitidos e os 35.910 desligados. A criação de novos postos formais no mês foi a quarta maior no ano, sendo influenciada pelos desempenhos positivos dos Serviços (+1.471), Comércio (+1.468), Indústria (+1.463) e Construção (+602). Apenas o setor da Agropecuária (-588) apresentou resultado negativo no mês, o quarto consecutivo em 2023.

As novas vagas no mês de setembro representam uma ampliação de 0,52% no estoque de postos formais em relação a agosto. Em relação a dezembro de 2022, o Espírito Santo ampliou seu estoque em 4,45%, sendo esta a maior variação entre os estados da região Sudeste e a 11ª maior entre os estados brasileiros.

Com o resultado positivo de setembro, o desempenho do mercado de trabalho formal capixaba posicionou o Espírito Santo na 13ª colocação entre os estados brasileiros na geração de novas vagas no mês. São Paulo (+47.306), Pernambuco (+18.864) e Rio de Janeiro (+17.998) foram os primeiros colocados no ranking. Já na outra extremidade, Amapá (+1.027), Roraima (+763) e Acre (+360) foram os estados com os menores saldos líquidos no mês.

No acumulado do ano até setembro, o Espírito Santo registrou um saldo líquido de 36.309 novas vagas de empregos formais, fruto da diferença entre 391.205 admitidos e 354.896 desligados.

O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 221.764 postos formais em setembro. No acumulado de 2023, houve abertura de 1.599.918 postos no país. Com as novas vagas, o estoque de empregos formais no Brasil atingiu 44,0 milhões, 3,77% a mais que o registrado ao final de 2022.

 

Resultados setoriais

As vagas criadas no Espírito Santo em setembro originaram-se do saldo positivo em quatro dos cinco grandes setores: Serviços (+1.471), Comércio (+1.468), Indústria (+1.463) e Construção (+602). Contudo, pelo quarto mês consecutivo, o setor da Agropecuária impactou negativamente o resultado capixaba, ao registrar um saldo negativo de 588 empregos formais. Apesar de permanecer negativo, o resultado de setembro foi mais ameno em relação a agosto, quando o setor registrou saldo negativo de 1.049 postos formais.

A queda observada no setor da Agropecuária em setembro decorre, principalmente, das atividades de apoio à agricultura e à pecuária (-307) e da produção de lavouras permanentes (-228), com destaque negativo para o cultivo de café (-132), principal atividade agrícola do Espírito Santo. O resultado negativo é ainda uma reverberação do final do período de colheita do grão em maio, quando a atividade impulsionou a criação de 5.228 novos empregos com carteira assinada.

Os Serviços (+1.471) lideraram a criação de novas vagas com carteira assinada em setembro no Espírito Santo. O setor foi impulsionado pelas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+604) e transporte, armazenagem e correio (+528). No primeiro segmento, os serviços de escritório e apoio administrativo (+119) foram o destaque na criação de novas vagas. Já no segundo, destacou-se o transporte rodoviário de carga, com 218 novos empregos formais criados em setembro.

O saldo do Comércio (+1.468), o segundo maior na criação de postos formais no mês, foi impulsionado pela atividade varejista, que registrou abertura de 799 vagas, pelo comércio atacadista (+481) e pelo comércio de reparação de veículos automotores e motocicletas (+188).

Por sua vez, a Indústria (+1.463) reverteu o resultado negativo registrado no mês de agosto, quando apresentou queda de 443 postos formais. O setor foi fortemente impulsionado pela indústria de transformação, que registrou abertura de 1.456 empregos com carteira assinada em setembro. O segmento foi influenciado, sobretudo, pelas atividades de:

  • Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (+342);
  • Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (+233);
  • Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais (+167).

 

Para o setor da Construção (+602), os destaques foram os serviços especializados para construção, com a criação de 292 novas vagas e as obras de infraestrutura, com 231 novos postos formais no mês.

Vale ressaltar que, no acumulado do ano até setembro, todos os cinco grandes setores da economia capixaba apresentaram saldo positivo na geração de postos formais de trabalho, em que os Serviços (+16.194) figuraram na primeira posição, seguido pela Construção (+7.969), Indústria (+6.131), Comércio (+5.430) e Agropecuária (+590).

 

Municípios do ES

A análise municipal revelou um saldo positivo de postos formais em 52 dos 78 municípios capixabas em setembro de 2023. No mês, os municípios com maior geração de empregos foram: Serra (+1.306), Vitória (+858) e Vila Velha (+578). Por outro lado, Pinheiros (-243), Sooretama (-144) e Alegre (-63) registraram as maiores retrações no quantitativo mensal de empregos formais.

Pela ótica dos municípios com os maiores resultados positivos, Serra (+604), Vitória (381) e Vila Velha (265) foram impulsionados pelo setor de Serviços. Já os municípios com as maiores retrações, Pinheiros e Sooretama sofreram influência negativa da Agropecuária (-259 e -120, respectivamente), enquanto em Alegre destacou-se negativamente o setor de Serviços (-29). 

 

Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged

De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.

O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.

A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Francisco Brunoro Jr.

Economista e Mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesse nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), Desenvolvimento Regional e Economia Comportamental.