BIC de maio destaca a resiliência do mercado de trabalho e analisa os dados da indústria no 1º trimestre

A Carta de Abertura da edição de maio destaca a resiliência do mercado de trabalho frente ao contexto econômico atual de taxa de juros em elevado patamar. Veja a seguir trechos selecionados da Carta e acesse o BIC para ler o texto na íntegra

PUBLICADO EM 31 Mai 2023

O mercado de trabalho do Brasil surpreendeu positivamente nos primeiros três meses do ano. Os resultados de março coroaram a análise sobre o desempenho positivo do mercado de trabalho, com a geração de mais de 526 mil vagas de empregos formais no 1º trimestre do ano. A taxa de desemprego da economia brasileira, que leva em consideração tanto o trabalho formal quanto o informal, atingiu 8,8% neste período – patamar 2,5 pontos percentuais menor que o do ano passado. Além disso, o rendimento médio real do trabalho tem crescido nos últimos meses, explicado, entre outros motivos, pela menor pressão exercida pela inflação sobre os salários.

A surpresa nos dados relativos ao mercado de trabalho está no contexto econômico atual, em especial no fato da economia brasileira estar convivendo, há um bom tempo, com juros elevados para se conter o aumento da inflação ao consumidor.

Desde agosto de 2022, a taxa de juros no país, a taxa Selic, está em 13,75% a.a. Ou seja, já são 7 reuniões do Copom com manutenção da taxa de juros nesse elevado patamar – sem contar nas reuniões anteriores em que se aumentou gradativamente de 0,25 a 0,75 p.p. a taxa. A inflação ao consumidor, por sua vez, está mês a mês apresentando desaceleração, de forma que chegou à variação de 4,18% acumulada em 12 meses até abril. Contudo, a inflação do setor de serviços segue em alta, no patamar de 7,49%, explicado, principalmente, pelo aumento de demanda do setor. Esse fato demonstra que, apesar da menor pressão inflacionária na economia, ela não é disseminada entre os setores, haja visto os serviços.

Diante dessa resiliência surgem algumas reflexões. A primeira delas é sobre o fato de o mercado de trabalho ter passado por um momento de reestruturação – e ainda passa em alguns setores – após uma crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19. A segunda reflexão diz respeito a uma constatação dos dados a nível setorial. O terceiro e último ponto é que o efeito da política monetária contracionista ainda pode aparecer sobre o nível de emprego – e da atividade econômica. Embora a taxa de juros alta já esteja em curso há meses, ainda devemos levar em consideração uma defasagem de tempo entre os impactos.

São muitos os esforços para casarmos teoria e prática, mas no mundo real não há uma fórmula econômica mágica para a combinação de todos os fatores ideais. Mas diante das atuais condições da economia brasileira, podemos apontar dois fatores fundamentais para deixar salutar a política econômica do país: a aprovação de um arcabouço fiscal crível, que reduza as incertezas fiscais, e a aprovação da reforma tributária sobre o consumo. Essas medidas são importantes para melhorar as expectativas acerca da inflação futura e contribuir para redução dos juros. A reforma tributária sobre o consumo tem potencial de aumentar o crescimento econômico nos próximos anos, com reflexos positivos na geração do emprego e da renda, além de contribuir para a competitividade e melhorar o ambiente de negócios

 

Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de maio

• No 1º trimestre de 2023, a produção industrial capixaba recuou -2,9% frente ao mesmo período de 2022, explicada pela queda na indústria de transformação (-11,5%).

• O destaque positivo no período foi a indústria extrativa, que cresceu 2,3% impulsionada pela maior fabricação de pelotas de minério de ferro.

• Devido à retomada da demanda chinesa por minério de ferro, o preço internacional da commodity cresceu 26,7% no 1º trimestre do ano, impactando também a inflação na indústria nacional.

• Apesar da queda de -2,32% do IPP no 1º trimestre, o indicador para a indústria extrativa cresceu 13,67% no acumulado do ano.

• No mercado de trabalho, a indústria geral e a indústria da construção geraram mais de 5 mil postos com carteira assinada na economia do Espírito Santo.

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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.