BIC de julho destaca o crescimento da produção onshore de petróleo e gás no Espírito Santo

A Carta de Abertura da edição do Boletim da Indústria Capixaba de julho aborda a diversificação da atuação de empresas na extração de petróleo e gás natural do ambiente em terra (onshore) do Espírito Santo.

PUBLICADO EM 31 Jul 2023

Confira abaixo trechos selecionados da Carta de Abertura de julho e clique aqui para conferir o texto na íntegra.

Desde a descoberta de óleo na camada do pré-sal, as grandes petroleiras passaram a priorizar suas campanhas exploratórias nessas áreas, tal como Petrobras e Shell. Por se tratar de um recurso finito, e pelo fato da exploração no Espírito Santo se concentrar em campos com declínio natural de produção, já era de se esperar que a produção recuaria à medida em que as reservas de petróleo e gás natural fossem sendo esgotadas. As recentes quedas na produção de petróleo e gás natural no Espírito Santo são justificadas pela especialização da atividade petrolífera em campos com taxas decrescentes de produção, caracterizados como campos com declínio natural da produção.

Diante do interesse das grandes petroleiras nas áreas do pré-sal, em segundo plano, a produção onshore, ou seja, a produção em terra, passou a ser palco de interesse e exploração de empresas de pequeno e médio porte. O interesse passou a ganhar ainda mais espaço com os estímulos regulatórios promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e também pelo Plano de Desinvestimento da Petrobras, que previa a venda de uma série de ativos onshore.

No Espírito Santo, foram ofertadas 52 áreas com 78,8% dos ativos com a venda concluída. No offshore foram ofertadas 14 áreas com 21,4% dos ativos com a venda concluída e no onshore foram ofertadas 38 áreas com 100,0% dos ativos com a venda concluída.

Passado um pouco mais da metade do ano 2023, os dados do setor de P&G começaram a revelar um cenário diferente daquele cenário de queda da produção dos insumos que acostumamos a ler nos últimos anos. As informações mais recentes da ANP sinalizam que, no Espírito Santo, houve um aumento de 1,5% na produção de petróleo e de 0,6% na produção de gás natural no acumulado de janeiro a maio, em relação ao mesmo período de 2022. Essas variações positivas foram impulsionadas, principalmente pelo aumento da produção no ambiente onshore capixaba.

As vendas dos ativos onshore da Petrobras no Espírito Santo trazem benefícios para a região norte do estado, aonde estão localizados. Na perspectiva do desenvolvimento regional, essa aquisição e a possibilidade de aumentar o fator de recuperação dos reservatórios em terra pelas pequenas e médias empresas pode resultar no fortalecimento da cadeia de fornecedores de bens e serviços locais. Devido ao caráter independente dessas empresas entrantes, pode haver uma maior facilidade nas prestações de serviços e vendas de produtos, sem passar por grandes processos burocráticos de contratos. Neste contexto, a produção onshore tem capacidade de gerar em seu entorno redes especializadas no mercado que, consequentemente, podem aumentar a quantidade de empresas, empregos qualificados e pagamentos de tributos relacionados à atividade de P&G.

Se até 2022 o cenário de variações negativas na produção de P&G no estado era predominante, de 2023 em diante as expectativas giram em torno de atenuação nas quedas e até mesmo no aumento de produção. Para os próximos anos, em especial a partir de 2025, o cenário projetado continua otimista, com o início do funcionamento de uma nova plataforma no Parque das Baleias pela Petrobras e da extração no campo de Wahoo pela PetroRio. Soma-se a esse cenário as possibilidades de continuidade na diversificação de petroleiras atuantes no estado, em especial em terra, com os leilões da as Oferta Permanente, promovidos pela ANP.

Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de julho

• Produção física da indústria capixaba recuou 1,7% no acumulado de janeiro a maio de 2023, influenciada pela contração de 10,5% da indústria de transformação.

• A indústria extrativa cresceu 3,8% no período, puxada pelo aumento de produção de minério de ferro e petróleo e gás natural. 

• No comércio externo, a indústria capixaba exportou US$US$ 3,22 bilhões nos 5 primeiros meses do ano, patamar 13,5% abaixo do mesmo período de 2022.

• Apesar do aumento na produção, o valor exportado pela atividade de petróleo e gás natural do Espírito Santo recuou 50,9% de janeiro a maio, puxada pela redução na quantidade exportada e na cotação internacional do petróleo.

• A redução no preço do petróleo interferiu também sobre o IPP, que apresentou deflação de 3,07% em maio frente a abril.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Jordana Teatini

Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.