Análise da estrutura econômica capixaba é destaque da edição do BIC de setembro
A Carta de Abertura da edição do Boletim da Indústria Capixaba de setembro aborda a estrutura produtiva do Espírito Santo, comparando-a com a nacional, em especial no que diz respeito à agricultura e indústria. Leia abaixo trechos selecionados da Carta de Abertura de julho e clique aqui para conferir o texto na íntegra.
A composição da estrutura produtiva de uma localidade diz muito sobre a sua economia e os desdobramentos relacionados à geração de emprego e renda. Entender esses padrões é fundamental para interpretar os resultados dos indicadores que medem o nível da atividade econômica, sejam eles o PIB calculado pelo IBGE para o Brasil ou o IAE-Findes estimado pelo Observatório da Indústria/Findes para o Espírito Santo.
A começar pela agropecuária, embora o Brasil seja muito rico em termos de cultivos de lavouras e criações na pecuária, a economia do país possui uma elevada concentração em produtos específicos. Assim como acontece para a realidade do Espírito Santo. Contudo, enquanto no país, a soja é a cultura enquanto no país, a soja é a cultura predominante, no estado, o café possui a maior participação entre as lavouras (veja tabela abaixo).
Embora seja de extrema importância para a economia, o setor da agropecuária possui baixa participação na estrutura econômica tanto do país, quanto do estado. O setor responde por 6,6% da geração de valor da economia nacional e 4,5% da geração de valor estadual.
Enquanto os setores agropecuários brasileiro e capixaba se diferem quanto às lavouras predominantes, na indústria, as atividades registram certa semelhança. A composição da indústria extrativa, por exemplo, e sua orientação ao mercado internacional são similares tanto a nível estadual, quanto nacional.
Nas duas localidades, a participação dos produtos da indústria extrativa na pauta exportadora é relevante para o comércio externo, contudo, no Espírito Santo, as atividades de extração de minério de ferro e de petróleo e gás natural possuem um peso maior, na ordem de 37%, enquanto no país esse valor é de 19%.
A estrutura da indústria de transformação capixaba, no que diz respeito à geração de valor industrial, é concentrada em 4 atividades principais: metalurgia; fabricação de produtos de minerais não-metálicos; fabricação de produtos alimentícios e fabricação de celulose, papel e produtos de papel.
Essas mesmas atividades são as principais atividades exportadoras do segmento no estado. Em outras palavras, é possível inferir que essa associação mostra que a indústria de transformação do Espírito Santo está concentrada em atividades exportadoras.
Então, quando a atividade econômica global cresce, a demanda externa tende a impulsionar a economia capixaba por meio das exportações industriais. Mas quando a economia mundial, sobretudo no que diz respeito ao desempenho econômico dos principais parceiros comerciais do estado, desacelera, esse movimento pode levar a uma redução da produção e das exportações do estado.
Uma forma do Espírito Santo mitigar os efeitos da economia internacional sobre o desempenho da sua indústria consiste na diversificação das atividades. Isto quer dizer que, para além das grandes indústrias já instaladas em solo capixaba, o estado deve continuar a promover o investimento em novos negócios e oportunidades.
De olho no que está por vir, a Bússola do Investimento mapeou novos investimentos na indústria capixaba, tanto em setores já consolidados – o que é importante para modernização das estruturas produtivas – quanto em novos empreendimentos. Exemplos de projetos a movimentar grandes investimentos em atividades diversificadas da indústria capixaba são: construção de uma usina de biometano em Cariacica; construção de uma indústria de amônia verde no Porto Central em Presidente Kennedy; construção de fábrica de baterias; implementação e ampliação de fábricas de bebidas diversas em Colatina e Sooretama; entre tantos outros.
Veja também os destaques das análises dos indicadores conjunturais da indústria apresentados na edição do BIC de setembro:
📈 De janeiro a julho desse ano, a indústria do ES cresceu 4,2%, influenciada pelo avanço de 12,8% na indústria extrativa. Apenas em julho, a indústria capixaba cresceu 31,7% frente ao mesmo mês do ano passado, devido à expansão de 65,2% na atividade extrativa.
🌎 No comércio externo, em julho, houve um aumento nas exportações de produtos da metalurgia, de papel e celulose e de petróleo, que impulsionaram o crescimento de 3,2% do valor das exportações da indústria capixaba contra o mesmo mês de 2022. Mesmo com esse avanço, no acumulado do ano, as vendas externas do setor recuaram 1,2%.
💰 A inflação ao consumidor no Brasil chegou a 4,6% no acumulado em 12 meses até agosto. Na Grande Vitória, o IPCA atingiu 5,0% no mesmo período. Em ambos os casos, os preços de bens e serviços administrados, ou seja, que são menos sensíveis às condições de oferta e de demanda, registraram aceleração nos últimos meses. Uma das explicações para esse crescimento foi o reajuste dos preços dos combustíveis.
Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria
Jordana Teatini
Economista pela UFJF, mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisa na Gerência de Estudos Econômicos, realizando análises conjunturais e pesquisas com foco nas áreas de Economia Industrial e Inovação.