Espírito Santo cria 1,8 mil empregos com carteira assinada em julho de 2023

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, na quarta-feira (30/08/2023), as informações do Novo Caged referentes à movimentação do mercado de trabalho formal no mês de julho de 2023.

PUBLICADO EM 30 Ago 2023

Os dados do Novo Caged referentes a julho mostraram que o mercado de trabalho formal capixaba registrou a abertura de 1.811 novas vagas. O resultado decorre da diferença entre os 41.987 admitidos, e os 40.176 desligados. Apesar de quase triplicar em relação ao mês anterior (+611), o saldo de julho foi fortemente impactado pelo desempenho negativo da Agropecuária (-3.105), que pelo segundo mês consecutivo foi influenciada pelos desligamentos após o período colheita do café. Todos os demais setores apresentaram desempenho positivo no mês, com destaque para o setor de Serviços e para o setor da Indústria da Construção, que juntos responderam por 3 mil novos postos formais no estado..

As novas vagas no mês de julho representam uma ampliação de 0,21% no estoque de postos formais em relação a junho. Em relação a dezembro de 2022, o Espírito Santo ampliou seu estoque em 3,86%, sendo esta a maior variação entre os estados da região Sudeste, e a oitava maior entre os estados brasileiros.

Apesar do saldo positivo, o desempenho do mercado de trabalho capixaba em julho posicionou o estado entre os oito últimos estados brasileiros na geração de novas vagas, ficando à frente apenas de Rio Grande do Sul (-2.129), Roraima (+228), Sergipe (+492), Acre (+741), Rondônia (+972), Amapá (+991) e Tocantins (+1.163). As maiores aberturas de vagas foram observadas em São Paulo (+43.331) e Rio de Janeiro (+12.710).

Com o saldo positivo em julho, o estado acumula abertura de 31.518 vagas de janeiro a julho de 2023, fruto da diferença entre 306.521 admitidos e 275.003 desligados .

O mercado de trabalho brasileiro registrou abertura de 142.702 postos formais em julho. No acumulado de 2023, houve abertura de 1.166.125 postos no país. Com as novas vagas, o estoque de empregos formais no Brasil atingiu 43,6 milhões, 2,75% a mais que o registrado ao final de 2022.

 

Resultados setoriais

As vagas criadas no Espírito Santo em julho originaram-se do saldo positivo em quatro dos cinco grandes setores: Serviços (+1.783), Construção (+1.289), Comércio (+1.060) e Indústria (+784). Contudo, pelo segundo mês consecutivo, o setor da Agropecuária impactou fortemente o resultado capixaba, ao registrar saldo negativo de 3.105 empregos formais.

A queda observada no setor da Agropecuária em julho decorre, sobretudo, do cultivo de café (-2.364), principal atividade agrícola do Espírito Santo. O resultado negativo é ainda um desdobramento do fim do período de colheita do grão em maio, quando a atividade impulsionou a criação de 5.227 novos postos formais.

Por sua vez, o setor de Serviços foi impulsionado pelas atividades de saúde humana e serviços sociais (+581) e administrativas e serviços complementares (+490). Já a Indústria da Construção teve seu resultado majoritariamente influenciado pelas obras de infraestrutura (+602), refletindo a retomada de investimentos em obras públicas, como construção de rodovias e ferrovias (+247).

Para o saldo do comércio, o comércio varejista contribuiu com 770 vagas, enquanto o comércio por atacado agregou 187 novos postos formais em julho.

O setor industrial foi influenciado pela indústria de transformação, que criou 760 empregos formais em julho, com destaque para:

  • Fabricação de produtos alimentícios (+337);
  • Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (+261);
  • Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (+163).

 

Municípios do ES

A análise municipal revelou um saldo positivo de postos formais em 50 dos 78 municípios capixabas em julho de 2023. No mês, os municípios com maior geração de empregos foram: Serra (+1.158), Vila Velha (+696) e Cariacica (+644). Por outro lado, Sooretama (-581), Jaguaré (-570) e Linhares (-540) registraram as maiores retrações no quantitativo mensal de empregos formais.

Pela ótica dos municípios com os maiores resultados positivos, Serra, Vila Velha e Cariacica foram impulsionados pelo setor de Serviços (+499, +460 e +377, respectivamente). Já os municípios com as maiores retrações, Sooretama (-597), Jaguaré (-560) e Linhares (-653) foram influenciados pela queda na Agropecuária.

Acompanhe mês a mês no painel abaixo, de forma dinâmica e interativa, a quantidade de empregados admitidos e desligados, além do saldo de postos de emprego com carteira assinada para o Espírito Santo e municípios do ES.

 

 

Diferenças metodológicas entre o Caged e o Novo Caged

De 1992 a 2019 as informações sobre o mercado de trabalho formal foram registradas e divulgadas como fonte pelo Caged. A partir de janeiro de 2020, estas passaram a ter como fonte o Novo Caged.

O Novo Caged conta com as informações do eSocial. O eSocial foi instituído em pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro de 2014, com objetivo de concentrar em um único sistema diversas informações de empresas e trabalhadores, unificando registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. Além do eSocial, o Novo Caged incorpora imputação de dados que vem do antigo Caged e do Web empregador, para complementar informação de desligamento. É, portanto, mais abrangente do que o Caged que só concentrava informações de admissões e desligamentos sob o regime CLT.

A captação de registros de admissões e desligamentos pelo Novo Caged passou a ter maior cobertura, dado que, além dos empregados sob o regime CLT, passou a cobrir os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos, agentes públicos, trabalhadores cedidos, dirigentes sindicais, contribuintes individuais e bolsistas. Estes não eram registrados no Caged ou a declaração era opcional, como a de vínculos temporários, o que para o Novo Caged passou a ser obrigatória. Com estas modificações, o volume das movimentações captadas pelo Novo Caged tende a ser maior. Estas diferenças de captação prejudicam a comparação da série ao longo do tempo, a qual deve ser realizada com as devidas ressalvas metodológicas.

Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Francisco Brunoro Jr.

Economista e Mestre em Economia pela UFES. Atua como Analista de Estudos e Pesquisas na Gerência do Observatório do Ambiente de Negócios. Possui interesse nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), Desenvolvimento Regional e Economia Comportamental.