FEC de maio aborda as estratégias de retomada das atividades na saída da crise do COVID-19

Nas últimas semanas tem sido comum ouvir que quando a pior fase da atual pandemia passar e for possível reestabelecer as atividades do dia a dia, estaremos adentrando em um “novo normal”. O mundo que conhecíamos antes da pandemia provavelmente não será mais o mesmo, pelo menos enquanto não houver vacina ou, no mínimo, um tratamento seguro e eficiente contra o COVID-19.

Chegamos a um momento em que é necessário começar a pensar ainda mais na frente: como retomaremos as atividades do dia a dia quando a pandemia estiver controlada e os sistemas de saúde não corram mais riscos de colapso iminente, permitindo assim que a vida comece a voltar ao (novo) normal?

Também não há resposta pronta para esta pergunta, mas existem conhecimentos acumulados, indicadores e tecnologias que podem auxiliar na preparação para a retomada. Como a pandemia se alastrou nos países em diferentes momentos e velocidades, há o que se aprender observando aqueles que estão alguns passos à frente neste desafio. O Brasil ainda tem essa vantagem e deve aproveitá-la.

O Brasil ainda não chegou no pico da pandemia, mas já pode começar a pensar sobre depois dele

Ainda não há certeza sobre o pico da pandemia no Brasil, mas ele ainda deve estar por vir. No começo de maio estudo do Imperial College de Londres mostrou que o país tinha o maior número de reprodução (R) do mundo. O Brasil ainda segue com R acima de 1, o que faz o contágio continuar crescendo. Para piorar, o distanciamento social tem reduzido, o que dificulta a necessária diminuição do R.

Apesar de o Brasil ainda ter imensos desafios na atual fase de contenção da pandemia, como o aumento do número de testes, a ampliação da capacidade dos sistemas de saúde e uma maior efetividade das políticas de isolamento, é necessário já haver um olhar futuro para as medidas de retomada das atividades. A diversidade de estágios de contaminação dentro do país e, principalmente, as experiências dos países que já passaram pelo pior momento da crise devem servir de guia para as tomadas de decisão.

A preparação para a retomada nos países mais avançados se baseia em uma estratégia central: protocolos

Algo em comum tem sido observado nos países que já estão em estágio mais avançado de controle da contaminação e mesmo em alguns estados brasileiros que começaram a traçar estratégias para a retomada: o estabelecimento de protocolos que ajudem a orientar as decisões.

Os protocolos podem ser divididos em três grandes grupos que buscam organizar as ações de retomada: avaliação dos riscos epidemiológicos e capacidade dos sistemas de saúde; categorização das atividades econômicas baseada em essencialidade, riscos de transmissão e importância relativa de cada setor; e reforço das medidas básicas de higiene e convívio social.

O acompanhamento e controle da evolução dos casos deverá permanecer como prioridade

O gradualismo necessário na retomada das atividades incorpora uma previsão de tentativas e erros, visto que muitos desdobramentos ainda são desconhecidos. O adequado monitoramento dos casos funciona como um seguro para uma correção de rota, sempre que necessária.

O sucesso no enfrentamento da pandemia depende fundamentalmente do comportamento das pessoas

Cumprir os protocolos de acordo com as classificações de riscos é o mínimo esperado, mas algum esforço individual e organizacional que vá além disso pode ser de grande valia e com impacto coletivo positivo. Pelo menos enquanto o enfrentamento do COVID-19 ainda não tiver uma receita definitiva, o mundo demandará reinvenções nos modos de viver, conviver e produzir, em que a intensificação dos cuidados por cada pessoa e o empenho das instituições para adotar práticas que minimizem as chances de contágio será fundamental. Nada disso, aliás, se inicia ou se esgota na pandemia. A tendência é de que novas práticas que apenas se viram aceleradas pela ocasião - no mundo do trabalho, por exemplo - ganhem força e passem a configurar um novo status quo.

A crise passará e quanto melhor nos prepararmos, melhores serão os resultados futuros

Algumas localidades já inciaram o processo de retomada das atvidades após passarem pelo pior momento da pandemia. Entretanto, não se pode perder de vista que todas estão sujeitas a novas ondas de crescimentos do contágio, especialmente depois da reabertura da economia

E é justamente por isso que a qualidade do planejamento dos governos, uma boa coordenação e comunicação com a população, a ampliação da capacidade de testar e cuidar dos doentes, a efetiva precaução por parte das pessoas e organizações e o monitoramento permanente da evolução da pandemia facilitarão a missão de salvar vidas e retomar as atividades interrompidas com maior sucesso em um futuro breve.

Clique aqui para ler a íntegra do Fato Econômico Capixaba de maio.

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Sobre o(a) editor(a) e outras publicações de sua autoria

Rodrigo Taveira

Economista (UFES) e Mestre em Administração Pública e Governo (FGV-SP). Atua como Analista de Estudos e Pesquisa Sênior na Gerência de Estudos Econômicos, com foco em estudos sobre conjuntura econômica, finanças públicas e crédito.